O tempo

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Primeiras Impressões do Paraíso


Woman on a Ram - Salvador Dalí


Madrugada quase inerte: pêndulo incerto (frieza)

Semelhanças abusivas entre uma folha e um grito

Corpos entrecortados pela constante aurora

Pedras no telhado, gemidos nas alcovas

Uma estrofe: “sonho que se sonha só”*

Não tenho impressão do paraíso e nem poderia ter

Modelos fabricados! Anjos pintados, tudo reinventado

Chifres, asas, trombetas, alvura estonteante

Tudo fabricado, tudo artisticamente pintado


Como poderia tentar uma primeira impressão do paraíso?

Olhar em seus olhos de desejos? Sentir em teu fogo de volúpia?

“Paraíso” ou pinceladas de prazer em manifestações incontidas

Por que todo um paraíso teria que ser branco?

Não gosto de branco, gosto de azul, vermelho, lilás e porres alucinantes


Sentido a flor dos ossos

Nesta viagem inventada

Toda e qualquer fantasia

É mera luz na estrada

Primeiras impressões


Paraíso?

Paraíso?

Paraíso?

Sonho?

Acorda!

Primeiras impressões:

Levanta, água fria, ônibus lotado

Mais um dia na cidade desencantada


*Raul Seixas


Thiago A. Sarmento

2 comentários:

Unknown disse...

Meu querido,muito lindo tudo isso...
"Versos insensatos"...

Bjos!

alineaimee disse...

Olá. Obrigada pela visita e pelo elogio! Esse teu poema dialoga (mesmo que casualmente) com um poema meu, Longeva. (http://www.mariajoaquina.org/.200.html) Também vou tirar uma horinha para ler com calma os teus escritos.
Abraço!