O tempo

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Prosa de passos e voltas sem fim


Salvador Dalí - Chocolate, circa 1930



Prosa de passos e voltas sem fim


Às cenas embaraçosas eu devo minhas últimas quedas estruturais, aquelas quedas onde pequenas partes de um todo vão se desestruturando e pouco a pouco vão se reorganizando no poço de algum substantivo “dor”. Em um determinado ponto você manda você mesmo ao “inferno”, tudo esquecido, tudo merda nesta selva de pornografias e amores inventados, não se sabe mais amar, todos perderam a origem desse sentimento, agora confunde-se segurança com carinho e sexo com segurança.


Aos desconexos de minhas palavras devo a incompreensão que estabeleci por onde passei. Malditos anos de escola, tentando ensinar as curvas triangulares de uma circunferência; tentando me ensinar a coerência de ser um rapaz trabalhador, a coesão de ser um cidadão. Agradeço ao esquecimento por não ter trago isso para minha triste idade das trevas.


O que aqui temos? Malditas coleções de embelezadores, carros turbinados, sexo especializado, amor especializado, afeto especializado. Temos aqui neste quadro contemporâneo o fim de tudo, não há vida, há sobrevivência, produzir a vida não é viver e vagaremos num mundo morto, e caminharemos numa praça de estranhos cantando alguma letra melancólica ou alguma melodia de felicidades incompreensíveis.


Algo a se entender disso tudo? Consegue compreender isso que aqui dentro te digo? Aqui! Onde? Entre os neurônios esquecidos!



Thiago Amurim Sarmento

Um comentário:

Angela Helena Viel disse...

Várias faces de uma mesma pessoa, várias dúvidas de uma mesma existência.
Andante que pergunta, que observa, que aconselha. Este é você, ou como te vejo.
Angela, 6/11/2008.