O tempo

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Vislumbres do amanhã



1956_11_The Motionless Swallow. Study for 'Still Life - Fast Moving', 1956 - Dalí

ou a escassez de vozes noturnas

não sei que cor será o amanhã
nem da certeza de acordar novamente
nem dos sinos longínquos da minha cabeça
maldição, gatos dançando às 4:12
na madrugada onde uma cotovia agoniza
nos sonhos que logo virão
não sei o que será feito dos homens bons
só sei que irão todos morrer lentamente
tal como eu, homem ruim e desfeito

esqueci das vozes de tantas desgraças humanas
dia após dia observando suas caras imundas
observando bem no fundo de suas decadências
multiplicadas, pregadas em suas salas

tantas noites dormidas longe da calmaria
olhos atentos no negrume do quarto
não sei que cor tem a solidão
mas, a noite ela parece bem escura e vaga
malditos carneiros, sempre correndo da contagem
sempre se transformando em ratos gigantes
e nunca soube bem onde vai parar a felicidade
enquanto todos dormem, enquanto todos morrem
viva la vida e nossa grande facilidade sermos
merdificados

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