
Em 1932 o ornitologista inglês Robert DeMiller desenvolveu um sistema de análise comportamental denominado Dinâmica do Precipício, baseado nos hábitos da ave ícaro africano. Essa espécie tinha o curioso costume de suicidar-se ao chegar na fase adulta ( idade mórbida, segundo o pesquisador) atirando-se da montanha mais alta possível, e aqueles que não cumprissem o ritual eram mortos a bicadas pelos pássaros jovens do bando. Desde o princípio de sua curta existência, o ícaro africano ensaiava o salto final, aprimorando à perfeição a dança aérea bizarra que os levaria ao ápice do nada. DeMiller ficou obcecado pelas aves. Deixou Londres, a família, sua cátedra na faculdade e sumiu pelas selvas africanas. Anos depois seu corpo foi encontrado no fundo de um precipício, junto com a ossada de milhares de pássaros. As ultimas anotações do estudioso ambicionavam traçar um paralelo entre o ícaro e o homem, ressaltando as semelhanças das duas espécies, principalmente no que diz respeito a ritualística suicida. “ A minha Dinâmica do Precipício” escreveu “ revelará ao homem o verdadeiro sentido da existência: coreografar a própria morte”. Sua obra póstuma foi ridicularizada pelos biólogos da época, mas está sendo revista seriamente e usada nas correntes psicanalíticas atuais.
Felipe Costa Cruz
4 comentários:
Filipe, meu nobre amigo, essa ficou como diria um certo camarada que tenho: "fodástica".
Coreografar a própria morte foi realmente profundo, refletindo sobre essa frase chegamos a um consenso de que de uma certa forma os seres humanos fizeram, fazem e farão isso por tempos.
Thiago A.
Pelo menos ele conseguiu passar alguma mensagem! Pior são os que morrem e não deixam nada, é triste!
Mas o texto tá MUITO bom!
Caralho, sério mesmo?
Vou dar uma pesquisada sobre isso, o interessante é que ele levou a sério e foi a fundo na sua pesquisa empírica.
Ia até fazer uma piada aqui, mas não.
huaehaehuea =P
Resumindo, o cara era doido...
Filosófico, mas doido...
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