La chambre - Van Gogh
Part III - "nunca devemos parar de explorar"
sob as paralelas do sol, minhas sombras me chamam
sobre os mesmos passos de uma volta sem fim
olhares atravessados, cuspes contra minha face
eles tentavam suprimir toda alusão do paraíso
tentavam enxergar uma realidade inexistente
sempre era melhor julgar e condenar
a compreensão se tornara proibida e contra a lei
então, você caminha como um ser estranho
entre os "seres modelados de um sistema errado"
e até mesmo o amor se torna escasso e solitário
naturalmente você voltará a mesma rede às 3:15
e instintivamente compreenderá as formas do escuro
e a forma das vozes em sua cabeça
recuar ou partir? evoluir e persistir? talvez sonhar...
então, a água caía incessantemente
o frio nos engolia lentamente
perdendo dias após dias nessa solidão
lascas e pedaços de amor íam ficando no caminho
nesse ciclo infinito de auto-duo-flagelo
então, a falta ía se transformando em costume
e o costume a maior forma do esquecimento
com as mãos nas nuvens, sinto a cidade
o orvalho de outra aurora
tentando a duras penas me reencontrar
ou talvez me perder definitivamente
para talvez recomeçar
e apenas em minhas pernas acreditar
que a felicidade vem em momentos
dispersos, misteriosos, inesperados
que a felicidade advém de nós mesmo
e de todas as nossas formas de senti-la
acalma, dorme, espera
um dia verá o sol acordar
aqui, no Japão, no mesmo lugar
"Não devemos parar de explorar
E o fim de toda nossa exploração
Será chegar ao ponto de partida
E ver o lugar pela primeira vez."*
* T S Elliot
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